RELAÇÕES ENTRE JUVENTUDES, EDUCAÇÃO E TRABALHO NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2024.n263.p607-628Palavras-chave:
Juventudes, Desigualdades sociais, Educação escolar, TrabalhoResumo
O artigo analisa as relações que os/as jovens estabelecem com a educação escolar e com o mundo do trabalho no caso brasileiro. Indaga-se: como as juventudes conjugam suas aspirações em relação à educação escolar e ao trabalho com as condições concretas de vida na sociedade, calcada em desigualdades de classe, gênero e raça? Observa-se por meio da análise de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (2023 e 2024) e da literatura especializada da sociologia da educação e do trabalho que há desafios interpretativos que se apresentam na análise desse grupo social heterogêneo. Com isso, juventudes e suas diversidades são interpretadas aqui como relações sociais moventes e multidimensionais, que se alteram a depender do contexto e grupo social analisado. Observa-se que o desemprego, a flexibilização, a informalização e a precarização do trabalho têm redefinido, nas últimas décadas, as condições de trabalho e vida das classes trabalhadoras, particularmente das suas juventudes. A multiplicidade de situações desafia a análise sobre as relações entre trabalho e educação, apontando para a necessidade de políticas públicas direcionadas ao aumento da escolarização e a inserção no trabalho das juventudes em sua diversidade. Os dados e as pesquisas analisadas evidenciam que a correlação convencionada entre qualificação e emprego, por vezes presente nas representações coletivas, não se verifica no mercado de trabalho brasileiro.
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