PROBLEMAS METODOLÓGICOS E ÉTICOS DO USO DE ANIMAIS NÃO HUMANOS EM PESQUISAS CIENTÍFICAS
Mots-clés :
Experimentação animal, Especismo, AbolicionismoRésumé
Neste artigo é apresentada uma breve revisão sobre os principais problemas decorrentes do uso de animais não humanos em experimentos científicos. Na primeira parte do artigo são abordados os principais problemas metodológicos (por exemplo, irreprodutibilidade dos resultados, validade dos estudos e baixa taxa de translação de estudos com animais para tratamentos eficazes em humanos). Na segunda parte do artigo são discutidos os problemas éticos. Nesta parte é discutido se a experimentação animal teria como ser moralmente justificada. Os principais argumentos oferecidos por aqueles que defendem a experimentação animal são questionados. Também é questionada a alegação de que a abolição da experimentação animal é algo que somente poderia ser defendida a partir de uma perspectiva ética deontológica. De acordo com o que é discutido neste artigo, temos fortes razões para abolir o uso de animais não humanos em experimentos científicos.
Références
ALVES, G. Testes em animais permitem saber se as coisas são seguras para humanos. Folha de São Paulo. 20 de agosto de 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2021/08/testes-em-animais-permitem-saber-se-as-coisas-sao-seguras-para-humanos.shtml. Acesso em: 21/06/2022.
ARCHIBALD, K.; TSAIOUN, K.; KENNA, J. G.; POUND, P. Better science for safer medicines: the human imperative. Journal of the Royal Society of Medicine, 111(12), 2018. p. 433-438.
BAILLIE, T. A.; RETTIE, A. E. Role of biotransformation in drug-induced toxicity: influence of intra- and inter-species differences in drug metabolism. Drug Metab Pharmacokinet, 26(1), 2011. p. 15-29.
BAKER, M. 1,500 scientists lift the lid on reproducibility. Nature 533, 2016. p. 452–454. https://doi.org/10.1038/533452a
BAUMANS, V. Use of animals in experimental research: an ethical dilemma? Gene Therapy (11), 2004.
BEGLEY, C.; ELLIS, L. Raise standards for preclinical cancer research. Nature 483, 2012. p. 531–533. Disponível em: https://www.nature.com/articles/483531a. Acesso em: 20/06/2022.
BEGLEY, C. G.; IOANNIDIS, J. P. A. Reproducibility in Science: Improving the Standard for Basic and Preclinical Research. Circulation Research, 116(1), 2014. p. 116–126.
BERNSTEIN, M. H. Marginal cases and moral relevance. Journal of Social Philosophy, 33. 2002. p.523-539.
BROOM, D. M. Sentience and animal welfare. Wallingford: CABI, 2014.
CARBONE, L. Estimating mouse and rat use in American laboratories by extrapolation from Animal Welfare Act-regulated species. Sci Rep, 11, 493, 2021.
CASSAR, S. et al. Use of Zebrafish in Drug Discovery Toxicology. Chem Res Toxicol. 33(1), 2020. p. 95-118.
CUNHA, L. C. Nas teorias consequencialistas, há um conflito entre o princípio da igualdade e a meta de atingir as melhores consequências? Guairacá - Revista de Filosofia, v. 36, n. 2, 2020. p. 55-77.
CUNHA, L. C. Uma breve introdução à ética animal: desde as questões clássicas até o que vem sendo discutido atualmente, Curitiba: Appris, 2021.
D'ACÂMPORA, A. J.; ROSSI, L. F.; BINS-ELY. J; VASCONCELLOS, Z. A. Is animal experimentation fundamental? Acta Cirurgica Brasileira 24(5), 2009. p. 423-425.
GITTINS, J. Senciência em invertebrados: Uma revisão da literatura neurocientífica. Ética Animal: ativismo e investigação em defesa dos animais, 20 ago. 2019. Disponível em: https://www.animal-ethics.org/senciencia-em-invertebrados-uma-revisao-da-literatura-neurocientifica/. Acesso em: 29/06/2022.
GOODMAN, S. N.; FANELLI, D.; IOANNIDIS, J. P. A. What does research reproducibility mean? Science Translational Medicine, 8(341), 341ps12. 2016.
GREEK, R.; MENACHE, A. Systematic reviews of animal models: methodology versus epistemology. Int J Med Sci. 2013;10(3):206-21. doi: 10.7150/ijms.5529.
GREEK, R.; KRAMER, L. A. The scientific problems with using non-human animals to predict human response to drugs and disease. In: HERRMANN, K. e JAYNE, K. (org.) Animal Experimentation: Working Towards a Paradigm Change, p. 391-416. Brill, 2019.
EHNERT, J. The argument from species overlap. Blacksburg: Virginia Polytechnic Institute and State University, 2002.
GUERRA, R. F. Sobre o uso de Animais na Investigação Científica. Impulso, Piracicaba, 15(36), 2004. p.87-102.
HORZMANN, K.A.; FREEMAN, J.L. Making Waves: New Developments in Toxicology With the Zebrafish. Toxicol Sci. 163(1), 2018. p. 5-12.
HORTA, O. What is Speciesism?. J Agric Environ Ethics 23. 2010. p. 243–266.
HORTA, O., The Scope of the Argument from Species Overlap. Journal of Applied Philosophy, v. 31, 2014. p. 142-15.
HORTA, O. Animal Suffering in Nature: The Case for Intervention. Environmental Ethics 39(3). 2017. p. 261–79.
HORTA, O. Moral Considerability and the Argument from Relevance. The Journal of Agricultural and Environmental Ethics, v. 31, 2018. p. 369–388.
INGBER, D.E. Human organs-on-chips for disease modelling, drug development and personalized medicine. Nat Rev Genet 2022.
IOANNIDIS, J. P. A. Why Most Published Research Findings Are False. PLoS Medicine, 2(8), e124. 2005.
KAGAN, S. Normative Ethics. Colorado: Westview Press, 1998.
KNIGHT A. Systematic reviews of animal experiments demonstrate poor human clinical and toxicological utility. ATLA: Altern Lab Anim 35(6), 2007. p. 641-59.
KNIGHT, A. The Costs and Benefits of Animal Experiments. The Palgrave Macmillan Animal Ethics Series. London, UK: Palgrave Macmillan UK, 2011.
KNIGHT, A. Critically Evaluating Animal Research. In: HERRMANN, K. e JAYNE, K. (org.) Animal Experimentation: Working Towards a Paradigm Change, 22:321–40. Brill, 2019. Disponível em: http://www.jstor.org/stable/10.1163/j.ctvjhzq0f.21. Acesso em: 20/06/2022.
LOW, P; EDELMAN, D; KOCH, C. The Cambridge Declaration on Consciousness in Non-Human Animals. Cambridge: UK, 2012.
FRANCIONE, G. Introduction to animal rights: your child or the dog. Philadelphia: University Press, 2000.
LEENAARS, C. et al. A systematic review comparing experimental design of animal and human methotrexate efficacy studies for rheumatoid arthritis: Lessons for the translational value of animal studies. Animals. 2020, 10, 1047.
MELLO, L. E. A ciência pode abrir mão de fazer experiências com animais? Folha de São Paulo. 10 de novembro de 2007. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1011200708.htm. Acesso em: 21/06/2022.
MOVIA, D.; PRINA-MELLO, A. Preclinical Development of Orally Inhaled Drugs (OIDs) - Are Animal Models Predictive or Shall We Move Towards In Vitro Non-Animal Models?" Animals 10, no. 8: 1259. 2020.
POUND, P.; RITSKES-HOITINGA, M. Is it possible to overcome issues of external validity in preclinical animal research? Why most animal models are bound to fail. Journal of Translational Medicine 16(1), p. 304. 2018.
PRINZ, F.; SCHLANGE, T.; ASADULLAH, K. Believe it or not: how much can we rely on published data on potential drug targets?. Nat Rev Drug Discov 10, 712. 2011. Disponível em: https://www.nature.com/articles/nrd3439-c1. Acesso em: 23/06/2022.
REZENDE, A. H.; PELUZIO, M. C. G.; SABARENSE, C. M. Experimentação animal: ética e legislação brasileira. Revista de Nutrição. v. 21, n. 2, 2008, p. 237-242.
SHANKS, N.; GREEK, R.; NOBIS, N.; GREEK, J. Animals and Medicine: Do Animal Experiments Predict Human Response? Skeptic, 13:44-51, 2007.
SINGER, P. Ética Prática. 4. ed. Tradução: Jefferson L. Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2018.
TAYLOR K.; ALVAREZ L. An Estimate of the Number of Animals Used for Scientific Purposes Worldwide in 2015. ATLA 47(5-6), 2019. p. 196‐213.
TRAYSTMAN, R. J.; HERSON, P. S. Misleading Results: Translational Challenges. Science, 343(6169), 2014. p. 369–370.
TRÉZ, T. Experimentação animal: um obstáculo ao avanço científico. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2015.
WALL, R. J.; SHANI, M. Are animal models as good as we think? Theriogenology 69, 2008. p. 2-9.
Téléchargements
Publiée
Comment citer
Numéro
Rubrique
Licence
O autor declara ser inédito o presente artigo, bem como não estar o mesmo sujeito a qualquer outro processo de submissão para outra revista científica.
O autor autoriza a publicação do artigo pela Revista e tem ciência sobre a não remuneração em virtude de sua publicação, não cabendo nenhum direito autoral de cunho patrimonial.
Ainda, na condição de autor, assume a responsabilidade civil e penalmente pelo conteúdo do trabalho publicado, após ter lido as diretrizes para autores e ter concordado com elas.
O trabalho pode ser acessado por qualquer interessado e reproduzido e/ou publicado desde que seja realizada a devida referência à autoria e ao periódico.
