ENTRE EXPROPRIAÇÕES E RESISTÊNCIAS: A IMPLEMENTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NA ZONA COSTEIRA DO CEARÁ, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2016.n237.pp.%20327-346Abstract
O presente artigo analisa as implicações territoriais da implementação de parques eólicos na zona costeira do Ceará, bem como os conflitos ambientais e processos de resistência decorrentes. Observa-se haver em curso um processo de legitimação dessa fonte, que se fundamenta, principalmente, no consenso relativo criado em torno da noção de “energia limpa” a partir das negociações climáticas e da mesma ser considerada de “baixo impacto ambiental”, com uma suposta isenção de impactos e conflitos. Entretanto, tal legitimidade tem sido contestada por determinados grupos sociais localizados em territórios próximos aos projetos, os quais denunciam que suas práticas espaciais são desestruturadas em função do processo técnico adotado. Foi evidenciado que a implantação de parques eólicos no Ceará não ocorre isenta de conflitos ambientais e que ela tem sido acompanhada pela expropriação das populações locais e degradação dos ecossistemas. Com efeito, as populações locais protagonizam processos de resistência e luta coletiva com o objetivo de fazer ressoar suas denúncias na arena pública.
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