CONFLITOS E RESISTÊNCIA: COMUNIDADES TRADICIONAIS PESQUEIRAS DA BAHIA
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2016.n237.pp.%20347-364Abstract
Uma das temáticas que têm ganhado relevante destaque nas últimas décadas, no cenário nacional, refere-se aos constantes conflitos envolvendo comunidades tradicionais. No Brasil, existem atualmente cerca de 6 milhões de pessoas que compõem as comunidades tradicionais, sejam estas: indígenas, quilombolas, extrativistas, pescadores, ribeirinhos, etc. O presente trabalho tem como objetivo, analisar o cenário que envolve historicamente as comunidades pesqueiras da Bahia, com destaque para as contradições que estas têm vivenciado e as ações de resistência empreendidas. Considerada a principal atividade econômica de inúmeras comunidades tradicionais litorâneas /ribeirinhas do estado, a prática da pesca artesanal é caracterizada por extremos laços de identidade, pertencimento e principalmente, respeito, onde são desenvolvidos valores simbólicos e materiais que asseguram o seu modo de vida tradicional e, por vez caracterizam suas territorialidades. Especificidades, na maioria das vezes, invisibilizadas pelo Estado e/ou empresas privadas (nacionais/internacionais), quando da desestruturação e/ou retirada de uma comunidade de seu território para implantação de grandes obras. Daí a luta e as inúmeras ações de resistência e reivindicação dessas comunidades pela regularização de seus direitos territoriais.
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