IDENTIDADES DE GÊNERO DISSIDENTES, RAÇA E TERRITÓRIO COMO ÓBICES AO ACESSO DE JOVENS À EDUCAÇÃO E AO MERCADO DE TRABALHO
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2024.n263.p696-721Palavras-chave:
Educação, Identidade de gênero, Juventude, Racismo, TrabalhoResumo
O sistema-mundo capitalista oferece paradigmas para pensar o contexto sociopolítico e a dimensão espaço-temporal que delineiam a problemática aqui explorada, articulando as concepções de identidades de gênero dissidentes, raça, território, juventude e acesso ao mercado de trabalho. A juventude trans e travesti negra de Favela4 é formada por pessoas socialmente marginalizadas e expostas à precariedade, de modo a encontrar óbices no acesso à educação e ao emprego formal, restando a prostituição como única fonte de subsistência para a grande maioria. Assim, o presente trabalho tem como principal objetivo refletir sobre a exclusão de jovens trans e travestis negras, que vivem em territórios de Favela na cidade do Rio de Janeiro, da educação básica e, consequentemente, do mercado formal de trabalho. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza exploratória e descritiva, que utiliza entrevistas semi-estruturadas e pesquisa bibliográfica. Conclui-se que é necessária uma prática pedagógica pós-identitária e inclusiva, além de políticas públicas eficazes que desmantelam as normas de gênero e o racismo e suas repercussões sociais, para assegurar o acesso à educação e ao trabalho a jovens travestigêneres negros dos territórios de Favela.
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