ANÁLISE DA (IN)CAPACIDADE PROCESSUAL DO ANIMAIS NÃO- HUMANOS: PODEM OS ANIMAIS NÃO-HUMANOS ESTAREM EM JUÍZO?

Autores

  • Janete Souza Carvalho
  • Daniel Braga Lourenço

Palavras-chave:

Direito Animal, Animais não-humanos, Capacidade Processual dos animais

Resumo

Este trabalho apresenta e discute a temática no âmbito de análise dos direitos dos animais, especialmente no que tange ao reconhecimento dos animais não-humanos como sujeitos de direitos e consequentemente possam figurar em juízo em defesa de seus direitos. nesse viés, verifica-se, que a evolução histórica, jurídica e cultural permite repensar novos direitos inclusive que abranjam direitos a animais não-humanos, incluindo-os como sujeitos de direitos em contraposição ao atual status até então considerados com bem objetos móveis. Nesse sentido, temos no ordenamento jurídico Brasileiro o Decreto nº 24.645/1934 que inovou na tratativa da proteção dos direitos dos animais, reconhecendo de forma expressa a capacidade processual (lato sensu) dos animais de estarem em juízo, quando disciplina no artigo 2º, § 3º a forma como serão representados e substituídos de modo a promover a tutela e defesa de seus direitos em juízo. Por conseguinte, para o desenvolvimento e estruturação da pesquisa, utilizou-se o método dedutivo, tendo a pesquisa caráter exploratório, bem como, lançou mão do recurso da pesquisa bibliográfica, essencialmente doutrinária, assim, afim de atingir os objetivos propostos na construção do referencial teórico recorreu-se a estudos atuais e revistas científicas qualificadas que tratam de forma contundente acerca da temática proposta. Isto posto, o presente trabalho, não tem a pretensão esgotar a temática abordada, mas de contribuir e aprimorar a insuficiente abordagem acadêmica acerca do debate envolto do reconhecimento dos animais como sujeitos de direitos e consequentemente como seres legítimos a compor o polo de uma relação processual e estarem em juízo.

Biografia do Autor

Janete Souza Carvalho

Mestranda em Direito pelo Centro Universitário UniFG. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB. Pesquisadora discente do Grupo de Pesquisa - Fronteiras do Direito Privado e do Grupo de Pesquisa do Antilaboratório de Direito Animal (ANDIRA). Advogada inscrita na OAB/BA. Graduada em Direito pelo Centro Universitário Guanambi (UNIFG). Pós-Graduada em Direito do Trabalho pela Faculdade Venda Nova do Imigrante (FAVENI - 2019). Pós-Graduanda em Seguridade Social e Prática Previdenciária (LEGALE). Participante do Grupo de Pesquisa Fronteiras do Direito Privado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito da UNIFG (PPGD/UniFG). Foi Assessora Jurídica da Câmara de Vereadores do Município de Urandi, Estado da Bahia (2021) e Chefe de Gabinete do Município de Urandi, Estado da Bahia.

Daniel Braga Lourenço

Professor de Direito Ambiental da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor de Direito Ambiental do IBMEC/RJ. Professor de Teoria do Direito do Mestrado em Direito do Centro Universitário UniFG. Coordenador do Centro de Ética Ambiental da UFRJ e do Antilaboratório de Direito Animal da UniFG. Pesquisador bolsista do Instituto Ânima. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUCRio. Mestre em Direito pela Universidade Gama Filho (UGF/RJ). Doutor em Direito pela Universidade Estácio de Sá (UNESA/RJ).

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Publicado

2025-08-19

Como Citar

Carvalho, J. S., & Lourenço, D. B. (2025). ANÁLISE DA (IN)CAPACIDADE PROCESSUAL DO ANIMAIS NÃO- HUMANOS: PODEM OS ANIMAIS NÃO-HUMANOS ESTAREM EM JUÍZO?. Revista Latino-Americana De Direitos Da Natureza E Dos Animais, 6(1-2), 282–301. Recuperado de https://portaldeperiodicos.ucsal.br/index.php/rladna/article/view/1310