SOCIOECONOMIA, COTIDIANO E CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO EM UMA FEIRA LIVRE NA AMAZÔNIA ORIENTAL

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25247/2447-861X.2021.n253.p388-404

Palavras-chave:

Sociobiodiversidade. Cultura. Feirantes. Abaetetuba. Extrativismo.

Resumo

As feiras livres desenvolveram uma importância que transcende o aspecto financeiro que normalmente apresentam, adquirindo uma importância social e cultural devido à diversidade de classes que esses ambientes reúnem. O trabalho teve como objetivo verificar o perfil socioeconômico dos feirantes que comercializam plantas, o cotidiano e os canais de comercialização em uma feira livre na Amazônia. O estudo foi realizado no município de Abaetetuba, que fica a 60 km da capital Belém. Para coleta de dados foi utilizado um estudo etnográfico bem como entrevistas dialogadas direcionadas por questionários semiestruturados. O fluxo de mercadorias e classificação dos feirantes foi analisado através da proposta de canais de comercialização. O gênero masculino apresentou-se superior (62,7%), em detrimento ao feminino (37,3%), sendo que a variação etária foi de 21 a 82 anos para homens e 24 a 65 anos para mulheres. Foram identificados 4 tipos de feirantes, onde eles se diferenciam quanto à origem do produto comercializado, ao local de residência e à presença ou ausência de intermediários. Na feira foram identificados dois tipos de canais de comercialização, o direto e o semidireto, ambos ocorrendo com diferentes tipos de feirantes. A feira de Abaetetuba tornou-se um ecótono de encontro, troca de mercadorias e propagação de saberes, assim, as feiras livres são de salutar importância para a manutenção da cultura local.

Biografia do Autor

Thyago Gonçalves Miranda, Universidade Federal do Pará

Graduado em Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação em Biologia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Mestrado em Ciências Ambientais pela UEPA. Atualmente é doutorando em Biodiversidade e Biotecnologia pela Rede Bionorte em parceria com a Universidade Federal do Pará. Membro do Laboratório de Monitoramento e Conservação Ambiental da UEPA. Membro do Conselho Regional de Biologia da 6ª região (CRbio), atua com pesquisas nas áreas de caracterização de ecossistemas e da biodiversidade amazônica, etnobotânica, diagnostico socioambiental e estudos com ensino de biologia. Experiência com consultoria técnica em analises de estudos de monitoramento de bioindicadores em áreas de mineração.

Ana Cláudia Caldeira Tavares-Martins, Universidade do Estado do Pará

Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2002), mestrado em Botânica pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2004) e doutorado em Botânica pelo Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro (2009). Atualmente é professora Adjunto IV do departamento de Ciências Naturais, professora permanente do programa de Mestrado em Ciências Ambientais da Universidade do Estado do Pará e pesquisadora colaboradora do Programa de Pós-Graduação da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte). Tem experiência na área de Ciências Ambientais com ênfase em estudos interdisciplinares em botânica envolvendo florística e ecologia de briófitas, etnobotânica, ensino de botânica, educação ambiental e percepção ambiental. 

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Publicado

2021-12-28

Como Citar

Miranda, T. G., & Tavares-Martins, A. C. C. (2021). SOCIOECONOMIA, COTIDIANO E CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO EM UMA FEIRA LIVRE NA AMAZÔNIA ORIENTAL. Cadernos Do CEAS: Revista crítica De Humanidades, 46(253), 388–404. https://doi.org/10.25247/2447-861X.2021.n253.p388-404

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