A CIDADE MURADA: INTERDIÇÃO E MEDO
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2020.n251.p639-657Palavras-chave:
Cidade contemporânea. Convivência. Representação. Literatura. CinemaResumo
O trato, a convivência com o concidadão parecem ter se exaurido do cotidianos das cidades contemporâneas, pelo simples fato de o pacto de convívio ter entrado em declínio, ou praticamente ter se desajustado da proposta inicial da cidade, uma vez que a sociabilidade com o diferente se reduz na mesma medida em que aumenta o distanciamento do Outro. Nesse sentido, o trabalho busca analisar as imagens de convivência presentes na cidade de Salvador representadas pela literatura e pelo cinema contemporâneo que trazem no cerne da narrativa os espaços da cidade contemporânea e a relação dos personagens com eles. Como forma de expressar esse fenômeno ou até mesmo de buscar tornar os muros imaginários mais visíveis é que as narrativas A rainha do cine Roma de Alejandro Reis (2010), Salvador negro rancor de Fábio Mandingo (2011), Ó pái, ó de Monique Gadenberg (2007), e Estranhos de Paulo Alcântara (2009) representam Salvador, a partir dos seus medos e enclaves contemporâneos. A fim de alcançar esse resultado, este trabalho elege a mirada dos Estudos Culturais, que investem nos diversos contextos da cidade enquanto texto, bem como em uma ótica multidisciplinar, alicerçada nos estudos urbanos. A pesquisa permitiu identificar nas obras que a solidariedade e os afetos humanos presentes nos espaços públicos da Cidade são diariamente sufocados por crueldade, miséria e barreiras à ampla convivência entre os diversos segmentos da sociedade.
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