LUZES, CÂMERA E AÇÃO NAS PERIFERIAS: EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO E TRABALHO DE JOVENS MULHERES DO AUDIOVISUAL
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2024.n263.p744-765Palavras-chave:
Jovens, Trabalho, Jovens Mulheres, Gênero, Audiovisual, PeriferiasResumo
Este artigo focaliza as experiências de formação e de trabalho de jovens mulheres que trabalham no setor do audiovisual nas periferias de São Paulo, e suas estratégias para nele permanecer, considerando a forte presença masculina e de pessoas oriundas das classes médias e altas neste campo. Parte da expansão de iniciativas educativas no audiovisual nas últimas décadas e de sua crise, aprofundada no contexto da pandemia de covid-19, bem como da escassez de dados sobre a inserção e o tipo de trabalho realizado por jovens neste segmento, em especial por jovens mulheres moradoras das periferias. Estabelece diálogo entre autores e autoras dos campos da juventude, trabalho, gênero e audiovisual, incorporando contribuições de bell hooks, Laura Mulvey, Ann Kaplan, Helena Hirata, Liliana Segnini, Guilhermo Aderaldo e Vítor Ferreira. A pesquisa, de caráter qualitativo, realizou entrevistas em profundidade com jovens mulheres que trabalhavam no audiovisual no contexto pandêmico e pós-pandêmico. Por meio de suas narrativas observam-se dificuldades no processo de inserção-permanência na área, marcadas pela precariedade das condições de trabalho e por desigualdades de gênero, cor/raça e classe. Ao mesmo tempo, as relações desenvolvidas em seus territórios e com outros jovens e organizações coletivas emergem como fundamentais para a construção de estratégias de formação e de inserção no trabalho, ao lado do enfrentamento da invisibilidade de suas precárias condições. O trabalho no audiovisual significa mais do que uma fonte de renda, constituindo-se em uma ferramenta política de valorização de seus olhares, de suas experiências e de suas utopias.
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