DEPENDÊNCIA E SUPEREXPLORAÇÃO NA AMÉRICA LATINA: A PARTICULARIDADE DO CAPITALISMO BRASILEIRO
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2024.n262.p361-389Palavras-chave:
Dependência, Superexploração da força de trabalho, América Latina, Brasil, Precarização do trabalhoResumo
O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a dinâmica da economia periférica brasileira e as contradições do desenvolvimento capitalista no país, diante do contexto de crise do capital, que reflete, dentre outros elementos, no aumento da precarização do trabalho no Brasil. Além disso, abordaremos os aspectos que compõem a formação sócio-histórica do Brasil, contexto que fundamenta o entendimento da histórica precarização e flexibilização do mercado de trabalho brasileiro e que foi fortalecido com a crise capitalista contemporânea. Para tanto, fundamentados na Teoria Marxista da Dependência, partiremos da análise das bases estruturantes do capitalismo latino-americano, sendo este historicamente subordinado ao capital estrangeiro. Esta compreensão perpassa, portanto, o entendimento da dependência, fundamentada pela superexploração da força de trabalho, como elemento distintivo da formação econômico-social latino-americana e brasileira. As considerações alcançadas indicaram que o atual estágio de crise estrutural configura importante transformação no mundo do trabalho que vem impactando frontalmente as condições reais de existência dos trabalhadores, considerando as particularidades que o mercado de trabalho vem assumindo frente ao intenso aprofundamento da precarização do trabalho. Este contexto expressa a demanda do capital através de políticas de cunho ultraneoliberais, que configuram as bases para o acirramento dos mecanismos de superexploração da força de trabalho no Brasil, com fortes impactos sobretudo para o trabalho. Destaca-se que buscamos incorporar as contribuições do materialismo histórico dialético, método de análise que objetiva ir além da aparência, visando alcançar a essência do objeto mediante procedimentos analíticos.
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