O ESPAÇO VIVIDO E AS LUTAS COTIDIANAS PELO DIREITO À CIDADE: CONTINUIDADES E COM-VIVÊNCIAS EM FEIRA DE SANTANA-BAHIA

Autores

  • Mayara Mychella Sena Araújo Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

DOI:

https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n260.p552-577

Palavras-chave:

Direito à cidade, Espaço vivido, Lutas cotidianas, MCMV

Resumo

Este texto tenta dar conta das urgências sociais que as cidades contemporâneas nos apresentam, a partir do que tratou uma reflexão anterior e àquelas em torno do direito à cidade. Para abarcá-lo, retomamos a Lefebvre e consideramos que as reflexões conceituais e políticas que emergiram, trazem uma pluralidade de significados, ainda que se afirme como um apelo e como uma exigência. Como apelo vinculado às necessidades básicas, e como exigência relacionado a um descontentamento generalizado. Sendo assim, os direitos na cidade – no plural! – daria conta da moradia, do transporte, dos equipamentos públicos, da participação nas decisões locais, entre outros; e o direito à cidade – no singular! – exigiria a completa transformação do urbano. No que se refere ao espaço vivido, o texto remete-se àquele dos moradores dos residenciais do programa MCMV, no bairro Mangabeira em Feira de Santana-Bahia, cuja concepção quanto à localização, os colocava no que podemos chamar “não cidades”, tanto pela distância dos centros urbanos consolidados quanto pela completa ausência de quaisquer equipamentos e serviços urbanos.  Feira de Santana serviu para a proposição de que a cidade é feita de muitas vozes e impõe muitas formas de habitar e modos de ser e com-viver que, paradoxalmente, os espaços urbanos ao mesmo tempo comportam e silenciam. Daí a importância de consolidar que a produção do espaço urbano e do direito à cidade devem ser vistos a partir do cotidiano, das lutas e das dimensões socioespaciais e políticas que envolvem a sociedade como um todo.

Biografia do Autor

Mayara Mychella Sena Araújo, Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutora e Mestre em Geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Bacharela em Urbanismo pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Atualmente é Professora Adjunta II na Faculdade de Arquitetura, da mesma instituição, nas áreas de conhecimento Planejamento Urbano e Regional e Estudos Sociais e Ambientais, e Professora Associada no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU-FAUFBA).

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Publicado

2023-12-29

Como Citar

SENA ARAÚJO, M. M. O ESPAÇO VIVIDO E AS LUTAS COTIDIANAS PELO DIREITO À CIDADE: CONTINUIDADES E COM-VIVÊNCIAS EM FEIRA DE SANTANA-BAHIA. Cadernos do CEAS: Revista crítica de humanidades, Salvador, BA, Brasil, v. 48, n. 260, p. 552–577, 2023. DOI: 10.25247/2447-861X.2023.n260.p552-577. Disponível em: https://portaldeperiodicos.ucsal.br/index.php/cadernosdoceas/article/view/1176. Acesso em: 13 jun. 2025.

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