O ESPAÇO VIVIDO E AS LUTAS COTIDIANAS PELO DIREITO À CIDADE: CONTINUIDADES E COM-VIVÊNCIAS EM FEIRA DE SANTANA-BAHIA
DOI:
https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n260.p552-577Palavras-chave:
Direito à cidade, Espaço vivido, Lutas cotidianas, MCMVResumo
Este texto tenta dar conta das urgências sociais que as cidades contemporâneas nos apresentam, a partir do que tratou uma reflexão anterior e àquelas em torno do direito à cidade. Para abarcá-lo, retomamos a Lefebvre e consideramos que as reflexões conceituais e políticas que emergiram, trazem uma pluralidade de significados, ainda que se afirme como um apelo e como uma exigência. Como apelo vinculado às necessidades básicas, e como exigência relacionado a um descontentamento generalizado. Sendo assim, os direitos na cidade – no plural! – daria conta da moradia, do transporte, dos equipamentos públicos, da participação nas decisões locais, entre outros; e o direito à cidade – no singular! – exigiria a completa transformação do urbano. No que se refere ao espaço vivido, o texto remete-se àquele dos moradores dos residenciais do programa MCMV, no bairro Mangabeira em Feira de Santana-Bahia, cuja concepção quanto à localização, os colocava no que podemos chamar “não cidades”, tanto pela distância dos centros urbanos consolidados quanto pela completa ausência de quaisquer equipamentos e serviços urbanos. Feira de Santana serviu para a proposição de que a cidade é feita de muitas vozes e impõe muitas formas de habitar e modos de ser e com-viver que, paradoxalmente, os espaços urbanos ao mesmo tempo comportam e silenciam. Daí a importância de consolidar que a produção do espaço urbano e do direito à cidade devem ser vistos a partir do cotidiano, das lutas e das dimensões socioespaciais e políticas que envolvem a sociedade como um todo.
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