AS (RE)EXISTÊNCIAS DA VILA ITAÚ: MEMÓRIAS URBANAS PERIFÉRICAS

Autores

  • Márlom Geraldo Parreiras Mota Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Belo Horizonte, MG, Brasil
  • Viviane Zerlotini da Silva Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Belo Horizonte, MG, Brasil https://orcid.org/0000-0002-9738-8886

DOI:

https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n259.p305-333

Palavras-chave:

Memórias urbanas, Habitação, Periferia, Produção social do espaço, Cotidiano

Resumo

Este artigo explora o apagamento dos espaços e das memórias urbanas de habitações localizadas em periferias ao relacionar o tema com o estudo de caso sobre a Vila Itaú. Em 2024, este território foi totalmente removido, a partir de um longo processo de desapropriação, para dar lugar a uma série de bacias de detenção com a intenção de resolver os problemas de inundação dos cursos d’água da bacia hidrográfica do Ribeirão Arrudas. As justificativas dadas para a remoção da vila, no entanto, apresentam contradições e não levam em conta os modos de vida dos moradores, autoprodutores do espaço, que viviam no lugar. A produção de espaço novo reproduz o modo historicamente excludente de produção do espaço urbano no Brasil. Investiga-se os dispositivos de violência que promovem o apagamento das memórias, a partir dos interesses mercantis de agentes capitalistas produtores do espaço, e as formas de resistência que os moradores praticam no cotidiano. Essas últimas abrangem a autoprodução do espaço, a memória dos moradores, o compartilhamento de fotos antigas da Vila Itaú disponibilizadas no grupo de WhatsApp dos moradores, o registro de vídeo sobre os escombros da vila realizado por uma antiga moradora, a retomada da tradição católica da Folia dos Reis e o acervo documental existente e mantido por um dos moradores (processos, notícias, fotografias, relatos, etc).

Biografia do Autor

Márlom Geraldo Parreiras Mota, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Egresso de Arquitetura e Urbanismo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Viviane Zerlotini da Silva, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Engenheira Arquiteta, mestre em Engenharia de Produção, doutora em Arquitetura e pós-doutora em Engenharia de Produção, professora adjunta na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Referências

ANDRADE, Sarah Farias. “O desenvolvimento do sistema capitalista e conflitos no território brasileiro” - BA, 2014. Tese (Doutorado) - Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Economia, Faculdade de Economia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014. Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/32655/1/Tese%20-%20Sarah%20Final.pdf>

BONDUKI, Nabil Georges. Origens da Habitação Social no Brasil. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/470900/mod_resource/content/1/Origens%20da%20habita%C3%A7%C3%A3o%20social%20no%20Brasil.pdf> .

BORDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. 14. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010[1989].

CASTRIOTA, Leonardo Barci. et al. A arquitetura da modernidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.

COLETIVO USINA. Reforma urbana e autogestão na produção da cidade: história de um ciclo de lutas e desafios para a renovação da sua teoria e prática. In: BENINI, Édi A., FARIA Maurício Sardá de, NOVAES, Henrique T. e DAGNINO, Renato (Org.). Gestão pública e sociedade: fundamentos e políticas públicas de economia solidária. São Paulo: Outras Expressões, 2012, p. 81-120. Disponível em: http://www.usinactah.org.br/files/Gestores.pdf

CORRÊA, Roberto. L. Sobre agentes sociais, escala e produção do espaço: um texto para discussão. In: CARLOS, Ana F. A.; SOUZA, Marcelo L. de; SPOSITO, Maria E. B. (org.). A produção do espaço urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2014, p.41-51.

DORES, Fabiola G. A memória como método de pesquisa. Cadernos de Campo (UNESP), v. 1, p. 113-131, 1997.

IPHAN. Manual Técnico do Patrimônio Ferroviário. Disponível em:http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Manual_tecnico_patrimonio_ferroviario.pdf . Acesso em: 12 jun. 2023.

JOVCHELOVICH, S.; BAUER, M.W. Entrevista Narrativa. In BAUER M. W., GASKELL G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som um manual prático. Petrópolis Vozes; 2002, p. 90-113.

KAPP, S. Grupos sócio-espaciais ou a quem serve a assessoria técnica | Socio-spatial groups or whom technical advisory practice serves. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [S. l.], v. 20, n. 2, p. 221, 2018. DOI: 10.22296/2317-1529.2018v20n2p221. Disponível em: https://rbeur.anpur.org.br/rbeur/article/view/5605. Acesso em: 12 jun. 2023.

LEFEBVRE, Henry. A revolução urbana. Tradução de Sérgio Martins. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

LIMA, A. C. S. Um olhar sobre a presença das populações nativas na invenção do Brasil. In: SILVA, Aracy Lopez da; Luiz Donisetti Benzi Grupioni. (org.). A questão indígena na sala de aula. Novos subsídios para professores de 1º e 2º graus. Brasília: MEC, 1995, v., p. 407-419.

NEVES, Magda de Almeida. Trabalho e cidadania: as trabalhadoras da Cidade Industrial. Belo Horizonte, Vozes, 1994.

RIBEIRO, A. C. T.; BARRETO, A. R. S.; LOURENÇO, A.; COSTA, L. M. C.; AMARAL, L. C. P. Por uma cartografia da ação: pequeno ensaio de método. Cadernos Ippur, Rio de Janeiro: UFRJ, v. 15, n. 2, p. 33-52, 2001. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/ippur/issue/viewFile/281/91 Acesso em: 14 mar. 2022.

RODRIGUES, Glauco Bruce. Geografia histórica e ativismos sociais. In: GeoTextos, v. 11 nº 1. 2015.

SEGAUD, Marion. Antropologia do Espaço: habitar, fundar, distribuir, transformar. São Paulo: Edições Sesc São Paulo; 2016.

SILVA, Fernanda dos Santos. Reminiscências da arquitetura ferroviária em Minas Gerais: uma ferramenta de preservação das estações ferroviárias. Dissertação (mestrado em Arquitetura) – Escola de Arquitetura, Universidade Federal de Mínas Gerais – UFMG. Belo Horizonte, 2019.

SILVA, Renata Cristina. “Poluição do ar e conflitos socioambientais: O caso da fábrica Itaú - Contagem - Minas Gerais (1975-1988). MG, 2018. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2018. Disponível em <https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-BBYH3R/1/silva_renatacristina__disserta__o_de_mestrado.pdf>.

SOUZA, Marcelo Lopes de. O que pode o ativismo de bairro? Reflexões sobre as Limitações e Potencialidades do Ativismo de Bairro à Luz de um Pensamento Autonomista. Dissertação de mestrado (mestrado em Geografia) - Instituto de Geociências, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1988.

TEIXEIRA, Raquel Oliveira Santos. “A gente tem que falar aquilo que a gente tem que provar”. A geopolítica do risco e a produção do sofrimento social na luta dos moradores do Bairro Camargos em Belo Horizonte – MG. 2014. Tese (Doutorado) - Curso de Sociologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. Disponível em: <https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUBD-9ZWJ6E/1/tese_raquel_teixeira.pdf>.

VAZ, Lilian Fessler. Dos Cortiços às Favelas e aos Edifícios de Apartamentos - A Modernização da Moradia no Rio de Janeiro. Análise Social, Lisboa, v. 3, n. 127, p. 581-598, 1994.

CIDADE Fantasma - Vila Itaú Documentário. Belo Horizonte: 2014. 1 vídeo (22 min). Publicado por Jennifer Candeias. Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=3utZ0NiDnTs&t=1150s>.

Destrava Minas homologa acordos de desapropriação. In: DIÁRIO DO COMÉRCIO. Belo Horizonte, 2021. Disponível em:<https://diariodocomercio.com.br/legislacao/destrava-minas-homologa-acordos-de-desapropriacao/>.

ORIGEM OÁSIS RESIDENCIAL. In: Riva Incorporadora. São Paulo, 2023. Disponível em:<https://www.rivaincorporadora.com.br/empreendimentos/origem-oasis-residencial/#>.

Downloads

Publicado

2023-07-15

Como Citar

Mota, M. G. P., & Silva, V. Z. da. (2023). AS (RE)EXISTÊNCIAS DA VILA ITAÚ: MEMÓRIAS URBANAS PERIFÉRICAS. Cadernos Do CEAS: Revista crítica De Humanidades, 48(259), 305–333. https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n259.p305-333

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Obs .: Este plugin requer que pelo menos um plugin de estatísticas / relatório esteja ativado. Se seus plugins de estatísticas fornecerem mais de uma métrica, selecione também uma métrica principal na página de configurações do site do administrador e / ou nas páginas de configurações do gerente da revista.